Uso do farol baixo durante o dia será obrigatório em rodovias a partir
de sexta
Lei foi sancionada pelo vice-presidente em
exercício Michel Temer no dia 24 de maio; a proposta teve início na Câmara dos
Deputados e foi aprovada pelo Senado em abril; multa será de R$ 85,13
por Sabrina
Craide, da Agência Brasil publicado 03/07/2016 10:58
ABR

Faróis durante o dia permitem que ser visualizado a
uma distância de 3 km por quem trafega em sentido contrário
Brasília – Assim que soube que o uso do
farol baixo do carro em rodovias durante o dia seria obrigatório, a promotora
de eventos Lindi da Silva se adiantou. Apesar de a medida só passar a valer no
dia 8 de julho, ela começou a deixar o farol do carro ligado para se acostumar.
A tentativa, entretanto, rendeu três chamadas ao guincho. Como ela esquecia as
luzes ligadas ao sair do carro, a bateria descarregou três vezes. Depois da dor
de cabeça, uma solução criativa: um adesivo no painel do carro com os dizeres
“Oi, Lindi, não esqueça de acender e apagar os meus faróis” é o lembrete diário
da promotora de eventos.
“Quando soube da lei, eu vi que ia
precisar de um aviso, porque eu esquecia mesmo”, diz Lindi. Ela avalia que o
uso do farol é importante para aumentar a visibilidade dos veículos nas
estradas. “Quando eu estou dirigindo e vejo um carro no retrovisor com o farol
ligado, isso chama a atenção”.
O uso do farol baixo aceso durante o
dia em rodovias será obrigatório a partir da próxima sexta-feira (8). Quem for
flagrado com as luzes apagadas será multado em R$ 85,13 e terá quatro pontos na
carteira de habilitação. A lei que estabelece a medida foi sancionada pelo
vice-presidente em exercício Michel Temer no dia 24 de maio. A proposta teve
início na Câmara dos Deputados e foi aprovada pelo Senado em abril.
O objetivo da medida é aumentar a
segurança nas estradas, reduzindo o número de acidentes frontais. De acordo com
a Polícia Rodoviária Federal, o uso de faróis durante o dia permite que o
veículo seja visualizado a uma distância de 3 quilômetros por quem trafega em
sentido contrário. O farol baixo não pode ser substituído por farol de milha,
farol de neblina ou farolete.
A Polícia Rodoviária Federal vai
começar a multar os motoristas que não estiverem com os faróis acesos durante o
dia nas rodovias a partir do dia 8. Desde que a lei foi sancionada, os
policiais vêm conversando com os motoristas sobre a importância de usar os
faróis ligados.
Para o assessor de comunicação da PRF,
Diego Brandão, os condutores não vão ter dificuldades em se adaptar à nova
regra. “É uma mudança cultural. É importante que o motorista seja sensibilizado
que, adotando essa medida, além de fugir das penalidades impostas pela lei, ele
contribui para a diminuição de acidentes, que é o mais importante”.
Para Brandão, qualquer medida que
aumente a visibilidade de um veículo pode ajudar na redução de acidentes.
“Apesar de não haver estudos técnicos na PRF sobre o assunto, temos diversas
situações e relatos falando sobre a causa do acidente ter sido a falta de
visibilidade. Então, acreditamos que o aumento da visibilidade do veículo vai
contribuir para a redução dos acidentes”, diz.
Atualmente, uma resolução de 1998 do
Conselho Nacional de Trânsito (Contran) apenas recomenda o uso do farol baixo
nas rodovias durante o dia. O uso do farol baixo durante o dia já é exigido
para ônibus, ao circularem em vias próprias, e motocicletas. Também é
obrigatório para todos os veículos durante a noite e em túneis,
independentemente do horário.
Obrigação
Apesar de considerar que é recomendável
o uso do farol aceso quando houver dificuldades de visibilidade nas rodovias, o
professor Paulo César Marques da Silva, do Programa de Pós-Graduação em
Transportes da Universidade de Brasília (UnB), diz que a medida poderia ser
apenas uma recomendação, e não uma obrigação. “Tenho dúvidas se isso precisava
virar lei ou se poderia ser uma recomendação como boas práticas. Não sei se
seria mesmo o caso de tornar lei e, portanto, ter que fiscalizar, punir quem
não estiver cumprindo. Mas, pelo menos, mal não vai fazer”, diz.
Para ele, os motoristas podem demorar
um pouco para se acostumar com a nova obrigatoriedade. O único inconveniente da
medida, segundo o professor, é o consumo maior de bateria por causa do uso do
farol ligado. Ele defende que os carros saiam de fábrica com dispositivos que
liguem e desliguem os faróis automaticamente. “Eu mesmo já ando com farol
ligado independentemente de estar em rodovia ou não. Aqui em Brasília é difícil
de distinguir quando é ou não rodovia”.
Em Brasília, os motoristas devem ficar
ainda mais atentos à nova medida, porque grande parte das vias que ligam o
centro da capital a regiões administrativas são rodovias, como a Estrada Parque
Taguatinga (EPTG), a Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB), a Via
Estrutural, o Eixão Sul e Norte e a L4 Sul e Norte. O Departamento de Estradas
de Rodagens do Distrito Federal (DER-DF) já realiza blitz educativa para
alertar os motoristas sobre a nova norma.
Legislação
A lei teve origem em um projeto apresentado
pelo deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR). De acordo com o parlamentar,
depois que a obrigatoriedade do farol aceso durante o dia foi adotada nas
rodovias dos Estados Unidos, o número de acidentes frontais diminuiu em 5% e o
número de outros acidentes, como atropelamentos e acidentes com bicicletas,
reduziu em 12%. Na Argentina, os estudos mostram que o número de acidentes
diminuiu 28%.
Em 2014, 43.780 pessoas morreram em acidentes de trânsito no Brasil, de
acordo com o Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde. Em
2015, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 132.756 internações em
decorrência de acidentes de trânsito. Nas estradas federais, foram 122 mil
acidentes e 6.859 mortes no ano passado, segundo a PRF.
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