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Lava Jato
Delações estão trazendo ‘bastante peixe’, diz Moro
Juiz da Lava Jato defende uso de delações: previsto em lei
Publicado: 27 de outubro de 2015 às 13:54
Moro
faz exposição no Brasil Sumit, evento organizado pela The Economist em
um hotel de São Paulo (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)
O juiz responsável pela Lava Jato, Sérgio Moro,
disse que os remédios amargos são necessários para conter a sangria que
ocorreu nos cofres da Petrobrás. No seu entender, a opinião pública tem
desempenhado um papel importante em todo este processo e disse que ela
tem se posicionado mais a favor e tem sido fundamental, “o que é
essencial em uma democracia”. E sobre os críticos das delações
premiadas, que a comparam a uma pesca, Sérgio Moro disse que “tem vindo
bastante peixe”.
Moro faz exposição no Brasil Sumit, evento organizado pela The Economist em um hotel de São Paulo.
O magistrado afirmou que quando as investigações começaram não se
sabia aonde ia dar a Lava Jato. E falou que é difícil prever o que vai
acontecer no futuro. Investigações criminais levam a pistas, mas também a
becos sem saída. “Gostaria, até por uma questão pessoal que
estivéssemos chegando perto de um final”, disse, afirmando, dizendo que
está “um pouco cansado” e arrancando risos da plateia que assiste sua
palestra.
Sobre possíveis consequências da decisão do STF que fatiou processos
da Lava Jato, o magistrado disse que a decisão foi jurídica e não afeta o
remanescente do caso que continua em Curitiba.
Corrupção. Moro disse que é difícil prever o futuro político do
Brasil com todo o escândalo de corrupção. Mas defendeu que a sociedade
cobre da classe política e que este caso sirva de exemplo e clareza para
ver que o problema existe e trabalhar para as instituições serem
fortalecidas.
“Temos que fortalecer as instituições, fazer que esses casos tenham
tratamento mais ordinário. Assim o risco Berlusconi será reduzido.” E se
posicionou a favor do PL que reduz a morosidade nos casos complexos,
criticando o excessivo sistema recursal. “É preciso fazer algo para que
este problema não ocorra no futuro e as coisas não piorem.”
O juiz da Lava Jato afirmou ainda que todos reclamam da morosidade do
Judiciário brasileiro, defendendo um sistema mais ágil. “No criminal,
há um problema adicional porque gera um sentimento de impunidade, crimes
que levam décadas nas cortes, isso faz com que as pessoas percam a
confiança na lei e na democracia, o problema principal é a excessiva
morosidade que passa pelo sistema recursal.”
E defendeu o PSL 402, apresentado pelas associação dos juízes
federais e em tramitação no Senado Federal. Moro já esteve no parlamento
defendendo o projeto que prevê o cumprimento da pena no segundo grau, o
quer causou resistência na advocacia. (AE)